Se eu tivesse que descrever minha vida naquela semana em uma frase curta e objetiva, provavelmente seria: um desastre em câmera lenta.
E o pior era a consciência de que, no fim, não haveria nenhum resgate dramático. Não era um daqueles filmes em que alguém corre para desligar a bomba no último segundo. Era só eu, correndo entre escola, escritório e supermercado, fingindo que minha vida não estava prestes a implodir.
Eu acordava, levava Santino para a escola, sorria para ele como se o mundo não estivesse prestes a desmoronar. Depois me jogava em reuniões, fingindo que gráficos e projeções eram mais importantes do que as mensagens anônimas que queimavam no meu celular.
Sim, eu fingia bem. Pelo menos até olhar para Enzo.
Ele circulava pelo escritório como um fantasma de terno caro. Não me cobrava mais respostas diretamente, mas o jeito que me observava… era como se estivesse montando um quebra-cabeça e só faltasse a última peça.
Spoiler: eu era a última peça.
Na terça-feira, percebi que