Luz e Sombra

O estúdio de Savannah, normalmente um refúgio de criatividade, parecia vibrar com uma energia inquieta naquela tarde. A luz do sol filtrava-se pelas janelas altas, lançando sombras longas que dançavam sobre as paredes cobertas de fotografias. Após a tempestade que os prendeu na casa abandonada, Savannah não conseguia tirar Endrik da cabeça. O beijo, os toques, a forma como ele parou quando ela pediu — tudo isso a deixava em um estado de conflito interno. Parte dela queria se jogar na chama que ele representava, mas outra parte, marcada pelas cicatrizes de Mark, a mantinha ancorada na cautela. Ela ajustou a câmera no tripé, tentando se concentrar na sessão de fotos marcada para hoje: uma abordagem artística para o projeto de Eldoria, com Endrik como o foco, representando a visão por trás da revitalização.

Ele chegou pontualmente, trazendo consigo uma energia que parecia alterar a atmosfera do estúdio. Vestia uma camisa branca de linho, desabotoada no colarinho, e calças escuras que delineavam sua silhueta atlética. O cabelo escuro estava levemente úmido, como se ele tivesse saído do banho pouco antes, e o cheiro de sua colônia amadeirada chegou até ela antes mesmo de ele dizer uma palavra. “Pronta para me capturar de novo?”, perguntou, com aquele meio-sorriso que era ao mesmo tempo um desafio e uma promessa.

Savannah sustentou o olhar dele, tentando ignorar o calor que subia por seu pescoço. “Pronta para fazer você parecer quase tão bom quanto pensa que é”, retrucou, apontando para o fundo preto que havia montado no centro do estúdio. “Hoje é diferente. Quero algo mais... íntimo. Fotos que mostrem a alma do projeto, através de você.”

Ele ergueu uma sobrancelha, claramente intrigado. “Íntimo, hein? E como você planeja capturar minha alma, Savannah?”

Ela se aproximou, ajustando a luz estroboscópica com um movimento deliberado, deixando que o tom provocador dele a puxasse para o jogo. “Você vai ter que confiar em mim. E talvez tirar essa camisa.”

A risada dele foi baixa, quase um ronronar. “Você não perde tempo, não é?” Ele desabotoou a camisa lentamente, revelando o peito definido e a pele bronzeada, marcada por linhas sutis de músculos que pareciam esculpidas. Savannah engoliu em seco, mantendo a fachada profissional enquanto ele jogava a camisa sobre uma cadeira.

“Não é para me exibir”, disse ela, com um sorriso irônico, embora seus olhos traíssem a admiração. “É para mostrar vulnerabilidade. O projeto é pessoal para você, não é? Quero que as fotos reflitam isso.”

Ele assentiu, a expressão ficando mais séria. “Você está certa. Eldoria não é só um trabalho. É... uma redenção.”

A palavra a pegou desprevenida, e ela baixou a câmera por um momento. “Redenção? Do que você está falando?”

Endrik hesitou, os olhos fixos em um ponto distante. Ele se sentou em um banquinho que ela havia posicionado contra o fundo preto, as mãos apoiadas nos joelhos, a postura menos confiante do que o usual. “Eu não te contei tudo sobre meu irmão, Lucas. Ele morreu por minha causa. Eu estava dirigindo, cinco anos atrás. Estávamos voltando de uma festa, eu tinha bebido um pouco — não o suficiente para estar bêbado, mas o suficiente para estar descuidado. Um caminhão veio na contramão, e eu... não reagi rápido o suficiente.” A voz dele falhou, e ele desviou o olhar. “Eu sobrevivi. Ele não.”

Savannah ficou em silêncio, o peso da confissão pairando entre eles. Ela se aproximou, sentando-se em outro banquinho à frente dele. “Endrik, isso não foi sua culpa. Acidentes acontecem.”

Ele balançou a cabeça, os olhos brilhando com uma dor antiga. “Não é só isso. Antes do acidente, eu estava com Elena, minha noiva na época. Descobri, semanas depois, que ela estava me traindo com um colega de trabalho. Eu estava tão cego por ela que não vi os sinais. Perdi meu irmão e, logo depois, minha confiança nas pessoas. Eldoria é minha maneira de fazer algo que valha a pena, algo que Lucas teria amado.”

Savannah sentiu um aperto no coração. A vulnerabilidade dele era um contraste gritante com o charme confiante que ele exibia, e isso a fez querer tocá-lo, confortá-lo. “Eu sinto muito”, disse ela, a voz suave. “Eu sei como é carregar um peso assim. Meu ex, Mark... ele não era violento, não fisicamente, mas me manipulava. Fazia eu me sentir pequena, como se nunca fosse o suficiente. Mesmo depois de terminar, ainda carrego isso.”

Endrik olhou para ela, os olhos escuros cheios de compreensão. “Você é mais do que suficiente, Savannah. Você é... extraordinária.”

O silêncio que se seguiu era carregado, como se o ar entre eles estivesse prestes a explodir. Savannah se levantou, voltando para a câmera, tentando recuperar o controle. “Vamos começar. Fique aí, mas olhe diretamente para a lente. Quero ver você, de verdade.”

A sessão de fotos começou, e cada clique da câmera parecia capturar mais do que apenas a imagem de Endrik. Savannah o guiava com instruções precisas, mas também provocadoras: “Incline a cabeça um pouco... isso, como se estivesse me contando um segredo.” Ele obedecia, mas seus olhos nunca deixavam os dela, e a intensidade fazia o estúdio parecer menor, mais quente.

Em um momento, ela precisou ajustar a posição dele, aproximando-se para mover o ombro dele ligeiramente. Suas mãos roçaram a pele quente do peito dele, e ela sentiu um arrepio percorrer seu corpo. “Você está tentando me distrair?”, perguntou ele, a voz baixa, quase um sussurro.

“Eu? Você é quem está sem camisa, Voss”, retrucou ela, tentando manter o tom leve, mas a proximidade estava desfazendo suas defesas. Ela se inclinou mais, ajustando o ângulo da luz, e ele segurou o pulso dela suavemente, puxando-a para mais perto.

“Savannah”, murmurou ele, os olhos fixos nos dela. “Você não pode fingir que não sente isso.”

Ela prendeu a respiração, o coração batendo tão alto que parecia ecoar no estúdio. “Não estou fingindo. Mas... eu tenho medo.”

“De quê?”, perguntou ele, a mão subindo para tocar o rosto dela, o polegar traçando a linha do queixo.

“De me perder de novo”, admitiu ela, a voz quase um sussurro. “De deixar alguém entrar e acabar quebrada.”

Ele se levantou, ficando a centímetros dela, o calor do corpo dele envolvendo-a como uma promessa. “Eu não vou te quebrar. Quero te construir, Savannah. Quero ser o homem que te faz se sentir inteira.”

As palavras a atingiram como uma onda, e antes que pudesse pensar, ela estava nos braços dele. O beijo foi imediato, intenso, uma explosão de desejo reprimido. As mãos dele encontraram a cintura dela, puxando-a contra o peito nu, enquanto as dela se enroscaram no cabelo dele, puxando-o mais perto. O beijo era fogo — lábios famintos, línguas dançando, respirações entrecortadas. Ele a levantou ligeiramente, sentando-a na borda da mesa do estúdio, as mãos deslizando pelas coxas dela, o tecido do jeans parecendo fino demais contra o calor dos dedos dele.

Savannah arqueou o corpo, um gemido escapando enquanto ele beijava seu pescoço, os lábios quentes deixando uma trilha de sensações. “Endrik”, sussurrou ela, não sabendo se pedia mais ou se pedia para parar. Ele ergueu o rosto, os olhos escuros cheios de desejo, mas também de cuidado.

“Você quer que eu pare?”, perguntou ele, a voz rouca, as mãos ainda firmes na cintura dela.

Ela hesitou, o desejo lutando contra o medo. “Não”, disse finalmente, mas com um tom de incerteza. “Mas... devagar, por favor.”

Ele assentiu, recuando apenas o suficiente para dar a ela espaço, mas sem soltar as mãos dela. “Devagar, então. Mas não vou te deixar fugir de novo.”

O resto da sessão foi um exercício de contenção. Savannah voltou a fotografar, mas cada movimento era carregado de eletricidade. As fotos capturaram Endrik em sua essência — forte, vulnerável, apaixonado. Mas também capturaram algo mais: o desejo que pulsava entre eles, visível em cada olhar, cada toque acidental.

Quando terminaram, o sol já havia se posto, e o estúdio estava envolto em sombras suaves. Endrik vestiu a camisa, mas deixou-a desabotoada, como se soubesse o efeito que tinha sobre ela. “Essas fotos vão ser incríveis”, disse ele, com um sorriso que misturava confiança e provocação. “Mas acho que a verdadeira arte aconteceu fora da lente.”

Savannah riu, balançando a cabeça. “Você é perigoso, sabia?”

“E você é irresistível”, respondeu ele, antes de sair, deixando-a sozinha com o eco de suas palavras.

Naquela noite, Savannah revisava as fotos, cada imagem de Endrik reacendendo o calor em seu corpo. Ela sabia que estava se aproximando de um precipício, mas o desejo de pular estava ficando mais forte. No outro lado da cidade, Endrik olhava pela janela de seu apartamento, a mente cheia de Savannah — sua força, sua vulnerabilidade, o sabor de seus lábios. Ele queria mais, mas sabia que precisava conquistar a confiança dela. A luz e a sombra entre eles estavam começando a se misturar, e o próximo passo seria decisivo.

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