O estúdio de Savannah era um universo à parte no coração de Valéria. Localizado em um prédio antigo no bairro boêmio de São Lázaro, o espaço era um caos organizado: paredes cobertas de fotografias em preto e branco, algumas presas com tachinhas, outras emolduradas em molduras gastas pelo tempo. Luzes estroboscópicas pendiam do teto como estrelas artificiais, e uma mesa de madeira rústica estava enterrada sob pilhas de negativos, lentes e xícaras de café pela metade. O cheiro de café fresco misturava-se com o leve aroma de produtos químicos de revelação, remanescentes dos dias em que Savannah ainda trabalhava com filme analógico. Era o seu santuário, onde ela se sentia no comando, onde cada clique da câmera era uma afirmação de sua liberdade.
Naquela manhã, o sol entrava pelas janelas altas, iluminando o chão de tacos gastos. Savannah ajustava sua Nikon em um tripé, verificando a iluminação com um medidor de luz. Ela usava uma regata preta justa e jeans desbotados que abraçavam suas cu