Fogo Eterno

A manhã em Valéria estava clara, o céu de um azul tão puro que parecia celebrar o marco que se aproximava. Savannah Reed caminhava pelas ruas renovadas de Eldoria, a câmera pendurada no ombro, capturando os últimos detalhes do bairro que havia se transformado nos últimos meses. O projeto de revitalização, liderado por Endrik Voss, estava quase concluído: o teatro antigo agora brilhava com vitrais restaurados, a praça central vibrava com fontes dançantes e crianças brincando, e os armazéns outrora abandonados abrigavam galerias de arte e cafés cheios de vida. Cada esquina contava uma história de renascimento, e Savannah sentia um orgulho profundo por ter documentado cada passo desse processo — não apenas com sua câmera, mas com seu coração.

Os últimos dias haviam sido uma montanha-russa de emoções. Após a reconciliação na praia da Ponta Azul, Savannah e Endrik haviam se comprometido a construir algo juntos, não apenas no projeto, mas na vida. A confiança ainda era um trabalho em progresso — as cicatrizes de Mark e a culpa de Endrik pelo acidente de Lucas não desapareciam da noite para o dia —, mas cada conversa, cada toque, os aproximava mais. Savannah sentia que, pela primeira vez em anos, estava pronta para se permitir amar sem medo.

Hoje era o dia da inauguração oficial de Eldoria, uma cerimônia que marcaria a entrega do bairro à comunidade. Savannah estava lá para fotografar o evento, mas também para estar ao lado de Endrik, que havia trabalhado incansavelmente para tornar sua visão realidade. Ela o encontrou na praça central, conversando com um grupo de moradores, sua presença magnética como sempre. Ele usava um terno cinza-escuro que abraçava sua silhueta atlética, o cabelo escuro penteado para trás, mas com aquele toque desgrenhado que ela adorava. Quando ele a viu, seus olhos se iluminaram, e ele se desculpou com o grupo, caminhando até ela com um sorriso que fez seu coração acelerar.

“Você está pronta para capturar o grande momento?”, perguntou ele, parando a poucos centímetros dela, o tom brincalhão carregado de uma intimidade que agora era familiar.

Savannah ergueu a câmera, apontando-a para ele com um sorriso provocador. “Pronta para capturar você, como sempre. Mas cuidado, Voss, você pode acabar roubando a cena.”

Ele riu, o som baixo e rouco enviando um arrepio por sua espinha. “Se eu roubar a cena, é só porque você está atrás da lente.”

O flerte era leve, mas carregado de promessas. Eles se separaram para trabalhar — Savannah circulando pela praça, fotografando os moradores sorridentes, as crianças brincando nas fontes, os artistas exibindo suas obras nas galerias. Endrik liderava a cerimônia, falando ao microfone com uma paixão que hipnotizava a multidão. Ele contou a história de Eldoria, sua visão de um bairro que honrava o passado enquanto abraçava o futuro, e mencionou Lucas, dedicando o projeto à memória de seu irmão. Savannah capturou o momento, o clique da câmera misturando-se às palmas, mas seus olhos estavam em Endrik, vendo a vulnerabilidade e a força que o definiam.

Quando a cerimônia terminou, a praça se transformou em uma festa comunitária, com música ao vivo, barracas de comida e risadas ecoando pelo ar. Savannah e Endrik finalmente encontraram um momento para si, sentando-se em um banco sob uma árvore recém-plantada. Ele segurou a mão dela, os dedos entrelaçados, o calor do toque tão familiar quanto excitante.

“Você fez isso, Endrik”, disse ela, olhando para a praça vibrante. “Eldoria está viva por sua causa.”

Ele balançou a cabeça, apertando a mão dela. “Nós fizemos isso. Suas fotos contaram a história, Savannah. Elas deram alma ao projeto.”

Ela sorriu, inclinando-se para beijá-lo suavemente. “Você sempre sabe o que dizer.”

“Não é sobre dizer”, respondeu ele, puxando-a mais perto. “É sobre sentir. E eu sinto tudo quando estou com você.”

O beijo que se seguiu foi lento, mas carregado de uma paixão que não precisava de palavras. A multidão ao redor parecia desaparecer, e por um momento, eram só eles dois, o mundo reduzido ao calor dos lábios dele, ao toque das mãos que subiam pelas costas dela. Quando se separaram, Savannah sentiu o coração cheio, como se todas as peças de sua vida estivessem finalmente se encaixando.

“E agora?”, perguntou ela, a voz suave, mas curiosa. “O projeto está concluído. O que vem depois?”

Endrik olhou para ela, os olhos escuros brilhando com determinação. “Nós. Isso vem depois. Quero construir uma vida com você, Savannah. Não só aqui, em Valéria, mas onde quer que você queira ir. Suas fotos, meus projetos — podemos criar algo juntos.”

As palavras a envolveram como um abraço, e ela sentiu lágrimas de felicidade em seus olhos. “Você está falando sério?”

“Mais sério do que nunca”, disse ele, tirando uma pequena caixa do bolso. Não era um anel — ainda não —, mas um pingente de prata em forma de câmera, delicado e perfeito. “Quero que você tenha isso. Um lembrete de que você é a visão por trás de tudo o que faço agora.”

Savannah pegou o pingente, os dedos tremendo enquanto o segurava contra a luz. “É lindo, Endrik. Eu... não sei o que dizer.”

“Então não diga nada”, murmurou ele, beijando-a novamente, desta vez com mais urgência, como se quisesse selar a promessa com o corpo. Ela correspondeu, as mãos subindo pelo peito dele, sentindo o coração que batia só para ela.

A noite caiu, e a festa continuou, mas Savannah e Endrik escaparam para o loft dele, onde a paixão que haviam contido durante o dia finalmente se libertou. No quarto, iluminado apenas pela luz suave da cidade que entrava pelas janelas, eles se entregaram um ao outro com uma intensidade que era tanto amor quanto desejo. As mãos dele exploraram cada curva dela, os lábios traçando caminhos que já conheciam, mas que ainda pareciam novos. Savannah se perdeu no calor dele, nos gemidos abafados, na forma como ele dizia seu nome como se fosse uma oração. Cada toque era uma promessa, cada beijo uma confirmação de que o fogo entre eles nunca se apagaria.

“Eu te amo”, sussurrou ele contra a pele dela, as palavras tão naturais quanto a respiração.

Ela sorriu, puxando-o para mais perto. “Eu também te amo, Endrik.”

A noite se dissolveu em momentos de pura conexão, os corpos movendo-se em perfeita sincronia, o mundo exterior desaparecendo. Quando finalmente adormeceram, entrelaçados, a cidade de Valéria parecia celebrar com eles, as luzes brilhando como estrelas caídas.

Na manhã seguinte, Savannah acordou com o sol aquecendo sua pele, o braço de Endrik ao redor dela. Ela olhou para ele, ainda dormindo, e sentiu uma paz que nunca conhecera. O pingente de câmera descansava em seu pescoço, um símbolo do futuro que estavam começando a construir. Eles tinham vencido as tempestades — as dela, as dele, as deles juntos. E agora, o fogo que os unia era eterno, uma chama que queimaria para sempre.

O projeto de Eldoria estava completo, mas a história deles estava apenas começando. Savannah sabia que haveria desafios, momentos de dúvida, mas com Endrik ao seu lado, ela estava pronta para enfrentá-los. Eles eram mais do que amantes; eram parceiros, criadores, dois corações que haviam encontrado seu lar um no outro.

Enquanto Valéria despertava lá fora, Savannah beijou Endrik suavemente, acordando-o. Ele abriu os olhos, sorrindo ao vê-la. “Bom dia, minha visão”, murmurou, puxando-a para um abraço.

“Bom dia, meu arquiteto”, respondeu ela, rindo contra o peito dele.

E assim, com o sol nascendo sobre a cidade, eles começaram o próximo capítulo — não de um projeto, mas de uma vida juntos, onde cada dia seria uma nova foto, uma nova construção, um novo fogo eterno.

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