O vento naquela tarde tinha uma cadência diferente, como se soprasse para anunciar alguma coisa. Do chalé, Madeleine via o movimento incomum no terreno do hotel — homens ajustando cabos de luz provisórios, crianças correndo de um lado para o outro, adultos carregando caixas de som e cadeiras dobráveis. O frio ainda mordia, mas havia no ar um rumor de festa, um calor que vinha de dentro da vila.
Clara havia lhe falado do “concerto piloto” alguns dias antes: um evento comunitário para testar o espaço interno do hotel antes da conclusão das obras. Nada sofisticado — apenas o coro da escola e alguns músicos locais, com o objetivo de reunir as pessoas e ver como o som se comportava ali. Madeleine aceitara de imediato, curiosa para sentir aquele lugar vivo pela primeira vez.
Vestiu um suéter de lã azul-acinzentado, o mesmo que Beatrice havia puxado pela barra numa manhã antiga, pedindo para “fazer o café rápido”. A lembrança veio suave, sem o peso de outras vezes. Prendeu os cabelos de um j