O primeiro raio de luz atravessou as cortinas com uma gentileza desacostumada.
Madeleine abriu os olhos devagar, sentindo o quarto ainda aquecido do calor noturno, mas com o ar mais leve, quase primaveril. Desceu da cama sem pressa. O piso de madeira ainda estava frio, mas seus pés pareciam não se incomodar. Pela janela do andar superior, a paisagem parecia diferente — ou talvez fosse ela quem estava começando a ver com outros olhos.
A neve ainda cobria os telhados e os galhos nus, mas havia algo no céu: uma claridade nova. Um azul que não era pleno, mas também não era cinza. O tipo de azul que promete alguma coisa, mesmo que ainda não saiba o quê.
Desceu as escadas enrolada no suéter de lã e ligou o aquecedor da sala.
Na cozinha, preparava café quando ouviu o som de passos no lado de fora.
Logo depois, uma batida leve na porta.
Madeleine franziu o cenho, surpresa.
Abriu.
Era Anders.
Ele estava de gorro e cachecol, segurando um saco de pano nas mãos. O vapor de sua respiração saía em