A manhã começou diferente, não pelo clima — a neve ainda caía em flocos lentos, como se quisesse permanecer no ar —, mas pela mensagem curta que Madeleine recebeu no celular.
"Hoje, sem reuniões. Passeio? – C."
Ela quase respondeu que não podia, que tinha mil coisas para resolver, mas a verdade é que o dia estava vazio. E talvez Clara soubesse disso. Talvez soubesse também que, às vezes, sair sem propósito era o que mais fazia falta.
Quando se encontraram na frente do café da vila, Clara estava com um gorro verde-escuro que deixava escapar alguns fios claros.
— Vamos pegar o ônibus para o centro — disse, como quem anuncia algo simples e definitivo.
O trajeto até Kvaløysletta durou pouco mais de vinte minutos. Lá, as ruas tinham movimento suficiente para que a neve não se acumulasse tanto, e as vitrines refletiam luzes quentes.
Madeleine observou pela janela os fiordes parcialmente congelados, as casas baixas salpicadas de branco e as ruas estreitas que pareciam convidar para serem exp