O dia amanheceu com o céu branco e a luz difusa que ela já aprendera a amar. Na obra, o movimento começava antes mesmo do sol alcançar o topo das montanhas. Vozes em norueguês trocavam instruções rápidas, martelos ecoavam, vapores subiam das canecas de café apoiadas nos parapeitos provisórios.
Madeleine chegou antes do habitual.
Tinha os cabelos presos com mais firmeza do que de costume e vestia o colete de segurança por cima do casaco de lã cinza-claro. No braço, equilibrava a pasta com os croquis finais do projeto revisado. E no rosto, havia algo novo — não era sorriso, nem dureza. Era presença. Uma certeza silenciosa de que ela não estava mais apenas visitando aquele lugar.
O barracão onde ocorriam as reuniões técnicas fora reorganizado. Um painel branco improvisado, várias cadeiras dobráveis e uma mesa longa cheia de papéis, canecas e laptops aguardavam os envolvidos.
Clara já estava ali, organizando os mapas.
— Dormiu? — perguntou com um meio sorriso, enquanto entregava uma canec