Rogério
Eu revisava os prontuários da noite anterior quando ouvi a voz do doutor Antony me chamando da porta do meu consultório.
— Rogério, pode vir um instante? disse ele, com aquele tom que misturava urgência e serenidade.
Deixei a caneta sobre a mesa e o segui até sua sala. Antony estava ao telefone, mas logo desligou e me olhou com um ar pensativo.
— Preciso conversar com você sobre uma paciente — começou. — É um caso delicado.
Cruzei os braços, esperando que ele continuasse.
— Trata-se de uma jovem com cardiomiopatia dilatada. O quadro é grave e exige cirurgia o quanto antes. O Marcelo, acabou de me ligar e encaminhou o caso pra mim.
Assenti, lembrando de Marcelo — um dos médicos mais humanos que conheci.
— Ele sempre se envolve pessoalmente com os pacientes comentei.
Antony sorriu de leve. — E desta vez não foi diferente. A moça vive com a irmã, que tem se virado sozinha pra conseguir o tratamento. Elas vão vir de outra cidade, e... bom, eu mencionei que você talvez pudesse a