Andréia
Um ano depois
Os dias se arrastaram como eternidades. O tempo perdeu o significado naquele cativeiro disfarçado de mansão. Já se passara um ano desde a última vez que vi meus pais. Um ano desde que tive meus sonhos arrancados de mim à força.
Eu havia completado dezessete anos semanas atrás, sozinha. Sem um parabéns, sem um abraço, apenas o som das botas dele ecoando pelo corredor e o medo constante do que ele faria ao entrar.
Ramires continuava o mesmo homem brutal de sempre. Bonito, sedutor aos olhos de quem não conhecia sua alma cruel. Para mim, era o monstro que tomara tudo.
Nos últimos dias, passei a sentir náuseas fortes. Tonturas. Enjoos com cheiros antes inofensivos. Meus seios estavam sensíveis, minha barriga estranha. Eu sabia. Meu corpo estava me dizendo.
Eu estava grávida.
A confirmação veio pelo olhar da Dona Carmen, a senhora que todos os dias deixava a bandeja com comida no quarto. Seus olhos cansados me analisaram com atenção.
— Ele te bate tanto, minha filha…