Guilherme
Estava sendo difícil. Muito mais do que eu imaginei que seria.
Me joguei no hospital como quem tenta fugir da própria mente. Plantão atrás de plantão, café ruim de máquina, olheiras que já faziam parte do meu rosto, e o som das sirenes da emergência abafando a saudade que insistia em gritar dentro de mim.
Virava noites costurando feridas, estabilizando pacientes, escrevendo relatórios sem fim… como um robô. Um médico autômato tentando ocupar a cabeça e, ao mesmo tempo, ganhar algumas horas extras.
Tudo com um único propósito: conseguir vê-la.
Minha bonequinha.
Desde que ela partiu, eu não consegui mais ser o mesmo. Tinha dias que eu quase pegava o celular só pra ouvir a voz dela, esquecendo que ela não estava ali do outro lado da cidade, mas do outro lado do mundo.
E então aquela mensagem chegou.
Li com as mãos trêmulas. Cada palavra dela parecia um soco no estômago.
Ela assaltada. Sozinha. Assustada. Sem mim.
Eu queria atravessar o oceano naquela hora, bater em todas as por