Estela
Me joguei na rotina como quem tenta se esconder da saudade. Café amargo às pressas, metrô lotado, livros sublinhados com sono e mente longe. Às vezes, me pegava sorrindo sozinha lembrando do jeito como ele dizia meu nome. Outras vezes, acordava no meio da madrugada, procurando pelo calor do corpo dele ao meu lado.
Mas tudo que encontrava era o vazio frio do travesseiro.
Minhas amigas notaram.
— Tá apaixonada, né? Mei me cutucou num intervalo de aula, o rosto escondido atrás de um copo de café.
— Tô com saudade admiti, com um sorriso cansado.
— E ele? Manda mensagens? Liga?
— Todo dia. Às vezes, só um “oi”. Às vezes, uma foto boba do hospital. Ontem me mandou a playlist que ele fez com as músicas que tocaram no fim de semana.
— Fofo. ela me olhou com carinho. Mas, Estela… você tá bem?
Suspirei.
— Eu tô. Quer dizer… tô tentando. Só que amar alguém tão longe dói. Às vezes, me pego contando os meses que faltam pra terminar a faculdade, como se cada dia a menos me aproximasse dele