Estela
Fiz novas tatuagens, marcas dessa fase que estou vivendo. Minha mãe achou lindas, riu comigo. Papai só balançou a cabeça e fingiu que não viu. Mas depois, no carro, ele falou comigo com calma.
— Filha… eu vejo que você está tentando, que está mais forte. Só volta pro Brasil, só pensa nisso, quando for por você. E não por mais ninguém. Nem por ele.
Aquele “ele” doeu. Mas me trouxe clareza.
Fazia mais de um mês que recebi a carta do Guilherme. Já tinha tentado responder várias vezes, mas nenhuma palavra parecia certa. Eu relia a carta dele, sentia tudo de novo… e travava.
Mas naquela noite, depois que meus pais foram embora, eu escrevi.
Não uma resposta longa. Só o que precisava ser dito. Sem me perder de novo.
Dobrei o papel devagar, coloquei no envelope com cuidado.
— Pode entregar isso pro Guilherme? Em mãos? E… sem dizer nada. Só entregue. coloquei nas mãos da minha mãe e ela me abraçou forte.
Ela me olhou com um carinho silencioso, como quem entende sem precisar ouvir. Assen