Guilherme
Fazia quase um ano desde que recebi aquela carta.
Desde que Soraya apareceu no hospital com aquele envelope branco e a voz carregada de ternura e firmeza. Desde que eu li, pela última vez, algo que veio das mãos da Estela. Um pedaço dela.
De lá pra cá… nada.
Nenhuma ligação. Nenhuma mensagem. O silêncio dela não era só ausência era um teste cruel de paciência, de fé. E eu tentava, todos os dias, acreditar que esse silêncio não era um “adeus”.
Meus pais comentavam que ela estava bem. Que seguia estudando, firme, com foco. Às vezes, quando se encontravam com Soraya, minha mãe voltava contando que Estela tinha mudado feito novas tatuagens, viajado com os amigos.
Eu ouvia tudo calado.
Sorria por fora, por dentro sangrava.
Ela parecia estar vivendo. E eu… sobrevivendo.
Passei a trabalhar mais. Pegava plantão extra, aceitava cirurgias de madrugada. Qualquer coisa que me distraísse do fato de que o tempo estava passando… e ela ainda não tinha voltado.
Mas agora, o casamento do irmã