Estela
Desci as escadas com o coração em frangalhos, mas com a coluna ereta. Cada passo era um esforço para não desabar, mas eu me recusava a chorar ali. Não na frente dele. Não depois do que ouvi.
Fui até o quarto, peguei minha mala e arrumei tudo com uma rapidez fria. Eu não podia ficar mais nenhum minuto ali.
Passei pela cozinha, onde Maria Júlia preparava café com Luca sentado à mesa, rindo de alguma coisa boba. A cena, por um segundo, apertou meu peito. Eles me olharam, surpresos.
— Vai sair tão cedo, Estela? Maria Júlia perguntou, com aquela doçura que só ela tinha.
Forcei um sorriso.
— Preciso ir. Foi bom estar aqui com vocês.
Ela franziu o cenho.
— Está tudo bem?
Assenti em silêncio e me aproximei para abraçá-la. Depois me abaixei e abracei Luca
com força, segurando as lágrimas com todas as forças do mundo. Eles não entenderam nada. E era melhor assim.
Atravessei a sala com a mala nas mãos, e ele estava lá. Guilherme. De costas, na varanda, tomando café.
Quando passei por ele,