Andréia
Assim que fechei a porta de casa, encostei as costas nela e respirei fundo. O perfume dele ainda estava na minha pele. O gosto, na minha boca. O coração, inquieto — mas pela primeira vez, não era de angústia.
— Andréia? a voz de Marlene veio da cozinha. — É você, minha filha?
— Sou eu, dona Marlene respondi, tentando parecer natural, mas não adiantou.
Ela apareceu na porta com o avental de sempre e o olhar curioso de quem conhece cada detalhe meu.
— Esse sorriso aí… tem nome?
Não consegui conter a risada. Caminhei até o sofá e me joguei ali, tirando os sapatos com alívio.
— Tem. Bruno.
— Hum… o moço do hospital?
— Ele mesmo.
Ela se sentou ao meu lado com aquele jeitinho maternal que me desarmava.
— E então?
— Foi leve… foi bom. Ele me escutou, me tratou com respeito. E quando me olhou, parecia que via mais do que o que os olhos alcançam, sabe?
— Sei sim, minha filha. Isso aí se chama presença. Tem homem que passa a vida do lado da gente e não vê nada. Tem outros que em pouc