Gustavo
O hospital já estava movimentado quando cheguei. Café na mão, olheiras fundas e o peso da noite passada ainda grudado no corpo. Tinha dormido mal. Ou melhor… tinha apagado depois de encher a cara e acordado com o gosto amargo da ressaca.
Andréia.
Só o nome já fazia meu estômago revirar.
A vi de longe, organizando alguns papéis na recepção da ortopedia, de jaleco branco, cabelos presos em um coque solto, e aquele batom discreto que, mesmo assim, me tirava o foco. Respirei fundo e fui até ela.
— Bom dia murmurei, tentando parecer neutro.
Ela levantou o olhar e sorriu com gentileza.
— Bom dia, doutor Gustavo.
O "doutor" me incomodou. Antes era só Gustavo.
— O churrasco ontem… foi bom pra você? perguntei, tentando parecer casual, mas o veneno já escorria pela pergunta.
— Foi sim. Ela respondeu, tranquila. Me diverti bastante.
Hesitei por um segundo, mas não consegui me conter.
— Você e o Bruno… parecem ter se dado bem.
Ela sorriu de leve, olhando de volta para os papéis, sem p