Gustavo
Minha mãe levantou do banco devagar, alisando o vestido claro com as mãos.
— Seu quarto está pronto, filho. Igualzinho como você deixou. E eu já mandei preparar seu prato favorito... e a sobremesa também. Não vou deixar você escapar sem ser mimado, viu? — disse com um sorriso doce. — Amo quando você está aqui... mesmo que eu quisesse que viesse mais vezes.
Ela se aproximou e me puxou num abraço apertado, desses que só ela sabia dar. Cheiro de lavanda, colo de casa, silêncio confortável. Por um instante, não havia cobranças. Só o amor. E era raro sentir isso vindo dela. Sempre tivemos nossas diferenças, palavras atravessadas, longos períodos de silêncio. Mas, naquele abraço, nada disso importava.
— Vem, vamos subir. Vai descansar um pouco enquanto o jantar fica pronto.
Subimos juntos. Ao empurrar a porta do meu quarto, uma sensação estranha me invadiu. Como se eu tivesse atravessado um portal no tempo.
Tudo estava lá. Os porta-retratos sobre a escrivaninha, os troféus alinhado