Gustavo

Já tava feito.

A frase ecoava dentro de mim como um tambor surdo.

Tentei seguir a noite como se nada tivesse acontecido. Ri das piadas do Rafael, bebi mais do que devia, flertei com a garçonete e levei até o fim. Porque era mais fácil sustentar o personagem do que admitir que eu tinha vacilado com uma mulher que nem era minha.

Mas no dia seguinte, o espelho não perdoou.

Acordei com a cabeça pesada, o gosto amargo na boca e uma sensação incômoda de ter feito tudo errado. A garota a garçonete saiu do meu apartamento antes das oito. Nem lembro se me despedi direito. Só sei que o vazio que ficou depois era bem maior do que ela.

E era da Andréia que eu lembrava.

Do vestido preto.

Do jeito como ela cruzou as pernas, serena.

Do olhar quando respondeu minha pergunta, como se falasse de dentro da alma.

Droga.

Fiquei girando a chave do carro na mão por uns bons minutos antes de sair pra plantão. Quando cheguei no hospital, Rafael estava no refeitório. Me viu e não perdeu tempo:

— Voc