(Pedro)
As duas últimas semanas se arrastaram com a lentidão de meses. Cada dia no país Z foi uma sucessão interminável de reuniões, decisões e noites mal dormidas em um quarto de hotel impessoal. Quando o avião finalmente pousou no país A, senti um alívio que pesava tanto quanto o cansaço em meus ombros. No aeroporto, despedi-me de Fellipe com um aceno de cabeça, dispensando a oferta de carona. Eu precisava daquele tempo sozinho no carro, um momento para me preparar para o que encontraria em casa. O coração batia em um ritmo estranho, uma ansiedade que eu me recusava a nomear, mas que estava ali, pesada no meu peito.
O trajeto foi feito no piloto automático. Quando estacionei na garagem, o sol da manhã ainda era suave, lançando longas sombras pelo jardim. A casa estava em um silêncio que, à primeira vista, parecia familiar, mas que agora tinha um tom diferente, um vazio que eu sentia antes mesmo de entrar.
Digitei a senha da fechadura e a primeira coisa que vi, a primeira coisa que