“Ele diz que não consegue ficar longe… e eu descubro que não quero que vá. Porque, no silêncio entre nós, deixei de ser refém e me tornei escolha.”
🖤
Não sei ao certo quando despertei de verdade. Talvez tenha sido quando senti o peso da sombra dele no quarto. Talvez tenha sido antes, quando meu coração começou a bater mais rápido, reconhecendo algo invisível, mas presente.
Fernando.
Mesmo sem vê-lo, mesmo sem ouvir nada além do silêncio, eu sabia que ele estava ali.
É uma certeza estranha, quase sobrenatural. Como se meu corpo tivesse aprendido a gravar a frequência da presença dele.
Abri os olhos — ou melhor, permiti que a consciência se expandisse — e apontei minha voz para a escuridão.
“Você está aí, não está?”
Por um instante, achei que não responderia.
Ele sempre foi assim: um muro de silêncio, um enigma impossível de decifrar. Mas então veio o som da voz dele, grave, densa, carregada de algo que não soube nomear.
“Sim."
Minha respiração falhou. Não de medo. Não mais. Era outra