“As balas de Castilho não me atingem. O que me dilacera é o silêncio de Luna, porque nele eu descubro que já sou refém.” — Fernando Torrenegro
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A noite nunca é silenciosa quando se tem inimigos. Aprendi isso muito cedo, no sangue que manchou minhas mãos antes mesmo de eu entender o peso da palavra vingança. Eu estava em meu escritório, a garrafa de whisky ainda cheia sobre a mesa. Não bebo quando preciso pensar com clareza — e ultimamente, clareza é um luxo que quase não me permito.
O beijo dela… a voz dela… ainda ecoavam em mim como um veneno doce.
E foi nesse estado que os tiros cortaram a madrugada. Secos, rápidos e inconfundíveis. Dois disparos do lado de fora, perto dos portões.
Levantei imediatamente, puxando a arma que nunca me abandona. Não era preciso ver para saber: Castilho tinha mexido suas peças.
Saí ao corredor. O som das botas dos meus homens ecoava pela casa, gritos abafados e ordens curtas. Mas o que me atingiu não foram os tiros. Foi a lembrança de que Luna estava