“Fernando não teme balas nem inimigos. O que ele teme… sou eu.” — Luna Castilho
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O mundo às vezes me parece feito apenas de sons. E naquela noite, os sons eram facas invisíveis cortando o ar. Os tiros vieram como trovões rasgando o silêncio. Meus dedos apertaram o lençol, meu corpo reagiu antes que minha mente entendesse. Eu sabia que a morte tinha passado perto. Eu a senti.
Fernando entrou de repente, e o peso das mãos dele em meus ombros foi tão forte que quase pude enxergar o medo escondido atrás de sua voz. Ele disse para eu ficar, e eu fiquei. Mas a verdade é que meu coração correu com ele.
O som da porta se fechando ainda ecoava quando o quarto pareceu encolher. Cada estalo, cada passo, cada voz abafada na mansão chegava até mim com clareza cruel. Não preciso de visão para entender quando alguém está em perigo.
E naquela noite, percebi algo que talvez Fernando ainda não queira admitir: eu não era apenas refém de uma guerra que não escolhi. Eu era a parte mais vulnerável dela.