“Eu não preciso enxergar para saber: você já se perdeu em mim, Fernando.” — Luna Castilho

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Acordei antes do sol nascer. Não precisei abrir os olhos — o hábito de viver na escuridão me ensinou que a percepção vai além da visão. O silêncio da casa estava diferente. Não era o silêncio tranquilo de sempre, mas um silêncio carregado, denso, como se tivesse peso.

Estendi a mão sobre o espaço ao meu lado.

Frio. Ele não estava ali.

Fernando nunca foi de demorar ao meu lado na cama. Sempre manteve a distância, como se cada toque fosse um risco calculado demais. Mas hoje… hoje era diferente. Eu sabia.

Sentei-me devagar, os pés tocando o chão gelado. Apontei o rosto para a direção onde imaginava a janela estar. O ar parecia carregado com algo que não conseguia nomear. Não era raiva ou ódio. Era outra coisa, mais perigosa.

Ele tinha me beijado. Não foi um beijo roubado ou imposto, mas uma entrega.

Eu senti. E senti também o instante em que ele se afastou, como se estivesse em guerra com ele mes