“Ele acredita que me vigia, mas eu sei a verdade: cada vez que entra no meu quarto, é ele quem se rende.” — Luna Castilho
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Ele não sabe disfarçar.
Acredita que sim — que cada gesto é uma peça de teatro, ensaiada para esconder o que realmente sente. Mas eu conheço a diferença entre cálculo e falha. Eu sinto.
Fernando entra no quarto como entra na vida: controlado. Passos medidos, respiração dosada, mãos firmes. Como se até o ar fosse cúmplice da farsa. Mas o ar não mente. O corpo dele não mente.
E eu aprendi a ouvir o que os olhos não mostram.
A maçaneta gira sempre do mesmo jeito. Um clique seco, contido. Mas por trás, há algo que o denuncia: a hesitação. O instante em que ele decide entrar… e já perdeu.
Porque não é o dever que o traz até mim. Não é vigília. Não é poder. É impulso. É fome. É rendição.
Ele se aproxima como quem caminha para a própria ruína. O couro do sapato contra o piso, o peso da respiração, o silêncio carregado de algo que não cabe em palavras. Eu sei. Eu sinto.