O relógio sobre a lareira marca oito e meia da manhã, mas tudo em Valenhart Manor ainda parece preso à madrugada. Desço as escadas devagar, tentando encontrar no silêncio algum traço de normalidade.
A mesa do café está posta com perfeição. Porcelana branca, bule de prata, flores novas nos vasos. O perfume de pão fresco e café forte paira no ar, uma tentativa inútil de tornar o ambiente humano.
O assento de Adrien está vazio.
A toalha está impecável, o copo de suco cheio, o guardanapo dobrado com precisão quase militar. Mas o homem, não.
E de alguma forma, a ausência dele parece ocupar mais espaço do que a presença.
Helen surge na porta, vestida de bege, o cabelo preso num coque elegante. O som dos saltos dela sempre anuncia conversa.
— Bom dia, querida. Dormiu bem?
— Como se dorme quando se divide a cama com o inimigo? — murmuro, servindo o café.
Ela finge não ouvir, ou talvez apenas prefira não lidar com respostas sinceras.
— Adrien saiu cedo. Precisou viajar a negócios. Assuntos urg