A casa nunca fica realmente em silêncio. Mesmo quando parece adormecida, há passos, vozes baixas e portas que se abrem e se fecham como se respirassem.
Estou sentada na escrivaninha, relendo a carta deixada por Henri, quando ouço o som familiar dos saltos de Selene atravessando o corredor. Cada batida no piso soa como um lembrete de que ela está sempre por perto, como um perfume que se recusa a desaparecer.
Quando a porta se abre, ela já entra falando, sem bater, como se o espaço lhe pertencesse.
— Ainda acordada, querida?
Levanto o olhar. Selene está impecável. O robe de seda cinza-claro parece brilhar sob a luz das velas. O cabelo loiro está preso em um coque perfeito, e há um sorriso educado nos lábios, o mesmo que ela usa quando finge gentileza.
Selene Rochefort não nasceu Valenhart, mas aprendeu cedo a se comportar como uma. Filha de um banqueiro aliado da família, cresceu entre os corredores da mansão como uma sombra silenciosa, sempre no lugar certo, ouvindo o que não devia, co