O restante da semana correu como um balé monótono: eu fingia normalidade, e o universo fingia acreditar. Até que, na sexta-feira à noite, Aya — minha melhor amiga, terapeuta não remunerada e agora aparentemente também curandeira de energia espiritual — resolveu que eu precisava sair. “Sua aura está cinza, Stell. CEO demais entorta até o chakra do juízo.”
Segundo ela, ia rolar a inauguração de um Café&Bar novo no Brooklyn, conceito moderninho, com exposições fotográficas mensais. O tipo de lugar que parece querer dizer “eu sou descolado” antes mesmo da porta abrir. E como boa fã de café e fotografia, achei que valeria a tentativa. Spoiler: não valeu.
Fomos de carona com um paquera dela — um tal de Yuri, que falava “tipo assim” a cada três palavras e parecia muito mais interessado em contar quantos seguidores tinha no Instagram do que em dirigir direito.
Ao chegar, o lugar era exatamente o que prometia: gente estilosa demais pra tomar um simples expresso, luzes âmbar com pretensão artís