A luz pálida da manhã filtrava-se pelas persianas da UTI adulta, desenhando linhas tênues nas paredes frias e impessoais. O ambiente, silencioso exceto pelos sons intermitentes dos monitores cardíacos e pelo leve zumbido dos respiradores, parecia suspenso no tempo. No leito, Marta despertava aos poucos, os olhos marejados oscilando entre o teto branco e a porta fechada. O peito arfava, enquanto as lembranças se misturavam ao medo: os filhos… estariam vivos?
A maçaneta girou com um clique discreto, e a porta se abriu lentamente. Jonathan entrou com passos hesitantes, o rosto marcado por noites sem dormir, olheiras profundas e a barba por fazer. Ao vê-lo, Marta arregalou os olhos, como se ele fosse uma miragem impossível naquele quarto frio. Seu corpo, ainda fraco e dolorido, reagiu com uma súbita tensão, fazendo o monitor cardíaco apitar suavemente.
— Marta… — a voz dele quebrou o silêncio, trêmula, densa de culpa e amor. Ele se aproximou, se curvou e, num impulso contido, abraçou-a co