Marta caminha devagar pelo corredor da casa, uma das mãos apoiada no quadril e a outra acariciando a barriga enorme, como se acariciasse o próprio tempo. O silêncio da manhã é quebrado apenas pelo leve farfalhar do vento entrando pelas janelas abertas e os passarinhos lá fora celebrando o dia. Ela se detém diante do quarto dos bebês, respira fundo e sorri com orgulho contido.
— Está tudo pronto, meus amores — murmura.
O quarto, ampliado durante a reforma, agora tem duas janelas que deixam o sol entrar suave, aquecendo as paredes em tons pastéis. Dois bercinhos brancos ocupam o centro do espaço, cada um com o enxoval cuidadosamente dobrado. As roupinhas lavadas, passadas, organizadas por tamanho e tipo. Fraldas, pomadas, mamadeiras, cueiros, termômetro digital, mantas — tudo no lugar. Cada detalhe escolhido com calma, com amor, com o cuidado de quem sabe que esses dois pequenos vão chegar em breve.
Ela se aproxima da cômoda e abre uma das gavetas. Ali está a bolsa de maternidade: duas