O som do monitor cardíaco preenche o quarto com um ritmo tranquilo, quase hipnótico. Mas há algo no ar, sutil e denso, como se cada gesto, cada fala, cada olhar fosse parte de uma coreografia ensaiada, onde todos fingem que tudo está bem… menos os olhos de Marta. Eles não descansam, não sorriem, não piscam em paz. E Jonathan, ao seu lado, tenta manter a calma de um pai recém chegado ao caos silencioso da paternidade. A pequena Lua dorme tranquila no berço, alheia à inquietação contida dos adultos ao redor.
— Como está o sangramento hoje, Marta? — pergunta a obstetra com a voz suave, conferindo as anotações na prancheta digital.
— Bem melhor... quase cessando — responde Marta, forçando um sorriso que não chega aos olhos.
— Alguma queixa? Cólicas, cefaléia?
— Não doutora, estou bem.
A médica assente, enquanto a enfermeira anota sinais vitais e a técnica de enfermagem ajeita o lençol da bebê com toda delicadeza. Jonathan observa tudo em silêncio, sentado ao lado da cama, com uma expressã