O sol mal rompe o céu quando a dor já consome os corações. Ravi chega com os olhos em brasa, parecendo ter atravessado um incêndio por dentro. Não dormiu, não comeu, e não fala. Seu silêncio é um grito abafado. Ele tenta se manter inteiro, mas está à beira do colapso.
Eduardo, cheio de culpa, mal encara Dona Maria, que com a sabedoria mansa dos anos, percebe. Enxuga as mãos no pano de prato e aponta a cadeira.
— Senta. Come. Não vai achar teu sobrinho de estômago vazio.
Eduardo hesita, mas obedece, sentando-se ao lado de Ravi. Jonathan já está à mesa, tentando comer, enquanto Lua, risonha, brinca. Dona Maria a pega no colo para que ele termine o café. O telefone toca. O hospital.
— Sim... Claro, agora de manhã... Vou sim. — Ele desliga e se levanta.
— Precisam de mim. Vou com Eduardo... e com Lua.
— Com a Lua? — questiona Ravi, surpreso.
— Algo me diz que Marta precisa ver a filha.
Logo estão prontos a caminho do hospital, Eduardo dirigindo concentrado, devagar, como se transportass