O sol ainda não nasceu quando Ravi para o carro diante do prédio de Rui. O silêncio da rua contrasta com a tormenta dentro dele. Por um instante, hesita. Sabe que não há palavra no mundo capaz de desfazer o que aconteceu. Mas precisa falar. Precisa olhar nos olhos do amigo e tentar entender a dor que viu, aquela dor que o assombra desde que deixou Islanne.
O porteiro reconhece Ravi, o libera sem perguntas. O elevador sobe lento demais para quem tem o coração afundado no peito. Quando a porta se abre, Ravi caminha até o apartamento e bate.
Nada.
Bate de novo.
Depois de um tempo que parece eterno, a porta se abre. Rui está ali, olhos vermelhos, cabelos desgrenhados, camisa amassada. Não diz nada. Apenas encara.
— Posso entrar? — Ravi pergunta, a voz firme, mas contida.
Rui se afasta, permitindo a entrada. Não há hostilidade no gesto, mas também não há perdão. Apenas cansaço.
Ravi entra, fica de pé no meio da sala. Rui vai até o balcão da cozinha, serve uma dose de uísque, vira de uma ve