O dia ainda se mantém preguiçoso, o céu cinza, mas a mansão Schneider já é inundada por um calor que não vem do sol, vem dos braços. Dos olhos marejados. Da memória viva que pulsa entre gerações. Na sala iluminada suavemente pelas luzes indiretas, Catia segura Lua nos braços como quem segura o universo inteiro. Ao lado, Afonso observa em silêncio, uma das mãos repousada na perna da esposa, a outra acariciando de leve a cabecinha da neta. A cena é tão intensa e tão doce que o tempo parece parar.
— Olha só para isso — murmura Catia, os olhos brilhando.
— O mesmo nariz... igualzinho ao do Jonathan quando nasceu.
Afonso sorri com ternura, tocando os dedinhos minúsculos de Lua.
— E esse jeito de franzir a testa quando está com fome? Igual ao meu também... — ele brinca, baixinho.
— Temos um time forte nessa linhagem, hein?
Marta entra na sala discretamente, os cabelos presos, o rosto visivelmente cansado. O corpo pede pausa. Catia, com o olhar de quem sente tudo mesmo sem ouvir, levanta o