Guilherme
Ela não sabia, mas já era minha desde a primeira noite.
Não por palavras, nem por contratos. Por olhar. Por silêncio. Por aquele instante em que ela tentou manter a pose e eu percebi o que tinha por trás dela. Uma mulher que se vende, mas não se entrega. Uma mulher que sorri com o rosto e grita com os olhos.
Fernanda.
Eu não a escolhi como quem escolhe uma acompanhante. Eu a escolhi como quem reconhece o que é seu. E o mais curioso é que ela achou que tinha opção.
Desde o início, o plano era simples: cercar. Cortar os ruídos. Tirar o mundo de perto dela até que só restasse a minha voz.
E funcionou.
Ela resistiu, claro. Todas resistem no começo. Acham que estão no controle, que podem negociar. Mas o que eu oferecia não era uma transação. Era um tipo de fé. Uma rendição sem glória.
Lembro exatamente da noite em que joguei a proposta na mesa. Escritório fechado, whisky caro, ela sentada na poltrona com as pernas cruzadas e um vestido que pedia para ser rasgado. Mas não toquei n