Capítulo Vinte

Fernanda

O que ele queria de mim era mais do que um corpo. Era posse.

Desde aquela noite no escritório, a proposta dele ecoava na minha mente feito um tambor no meio do peito. Exclusividade. Palavra bonita pra uma prisão de luxo. Ele queria que eu fosse só dele, que deixasse meus programas de lado, que me vendesse apenas para ele — mas com preço fixo, horário incerto e sentimento nenhum permitido. Só que com Guilherme... nada era tão simples assim.

E o pior era que eu estava tentada a aceitar.

Não porque ele me ofereceu dinheiro. Isso eu já conhecia. Era o jeito que ele me olhava — como se tivesse me desnudado inteira antes mesmo de tirar minha roupa. Como se cada toque dele escrevesse em mim o nome dele, como se eu já tivesse me tornado propriedade antes mesmo de assinar qualquer acordo.

Naquela manhã, eu me vesti pra outro cliente. Mas a mão tremia no zíper. A maquiagem escondia, mal e mal, a confusão nos olhos. E no fundo, eu sabia que, mesmo que eu dissesse não...

***

O motorista
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