Capítulo Vinte e Seis

Guilherme

O problema de domar uma mulher selvagem é que ela nunca se entrega de uma vez.

Sempre guarda um pedaço. Uma fresta de liberdade, um último sopro de resistência.

Fernanda era assim.

Mesmo com a rotina controlada, com o corpo rendido, com a vida sob a minha sombra, ela ainda tinha aquela faísca nos olhos. Como se quisesse lembrar a si mesma que podia correr. Que podia lutar.

Eu sabia que isso não ia durar.

Porque quando um animal aprende que a coleira aperta se tentar escapar, ele para de resistir.

E eu já estava pronto para apertar.

A ideia veio depois de uma noite longa na boate.

Eu estava no escritório, assistindo as câmeras. Fernanda atendia as mesas com aquele sorriso que não mostrava os dentes — um meio termo entre indiferença e raiva.

Um dos clientes tentou tocar a mão dela. Ela recuou rápido, firme. Ele insistiu.

Antes que JP ou João chegassem para intervir, ela já tinha dado um tapa seco na mão do cara.

Sorri de canto.

Boa garota.

Mas não era suficiente.

Porque e
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