Capítulo Vinte e Sete

Fernanda

A primeira noite com a tatuagem foi como dormir com um segredo queimando na pele.

O toque do travesseiro ardia, o cabelo roçava e me lembrava a cada segundo que, a partir de agora, eu não era só minha.

Eu ainda não tinha visto o desenho, mas sentia. Guilherme tinha marcado o próprio nome na minha nuca, como quem sela um contrato sem direito a rescisão.

Nos primeiros dias, andei pela boate com o cabelo solto, na tentativa desesperada de esconder a marca. Mas não adiantava. Os olhares me perseguiam. As conversas paravam quando eu passava. As outras meninas murmuravam entre si, trocando olhares de pena e inveja.

— Você viu a Fernanda? — ouvi uma delas sussurrar. — Parece que agora é só do Guilherme.

Não me virei, não discuti. Só continuei andando, os saltos ecoando pelo chão da boate, cada passo uma tentativa de provar a mim mesma que eu ainda era livre.

Mas a verdade queimava na minha pele.

Eu já não era.

E então veio a Miriam.

Eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, ela viria
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