Anya
O iate deslizou pelas águas geladas do Neva como uma predadora silenciosa, sua proa iluminada por holofotes amarelados que faziam a neblina cintilar em partículas de ouro. No convés principal, as cortinas brancas da tenda balançavam suavemente, encobrindo o espetáculo macabro prestes a começar. Homens e mulheres em trajes de gala, de olhos vidrados em taças de champanhe, aguardavam ansiosos. Eu observei cada um deles de longe, contagiada pela aura de poder e perversão.
No centro do salão, um palco circular iluminado por lâmpadas frias exibia Fernanda. Ela vestia seda branca, comprida, que contrastava com a palidez do rosto. Os holofotes realçavam cada curva do corpo, e ela permanecia ereta, o olhar perdido entre o horror e a inevitável necessidade de sobreviver. Era uma obra de arte