Guilherme
O horror das noites russas já não me assustava. A morte se tornara minha companheira desde o instante em que Anya Volkov sequestrou Fernanda pela primeira vez. Agora, guiado por um informante sussurrante da máfia russa, eu me encontrava diante de uma fábrica abandonada nos arredores de Moscou — um labirinto de concreto corroído pelo tempo e pelo silêncio.
O vento gélido cortava o casaco escuro que eu usava como armadura. Cada respiração formava nuvens de vapor à minha frente; eu sentia o gosto metálico do gelo na língua. Apertava o coldre da pistola com as mãos treinadas, consciente de que cada passo me aproximava de mais um pesadelo — ou do reencontro com meu único alento de esperança: Fernanda.
Meu informante, um soldado exilado da Bratva conhecido apenas como Sokol, apareceu da penumbra, o olhar tenso por baixo do capuz.
— Vitale, — murmurou, voz rouca. — É aqui. Anya usa este lugar como central de comunicações. Há túneis sob o galpão que levam à fortaleza em Ufa. Mas cui