Guilherme
Fernanda estava mudando.
Eu via nos gestos. Na forma como andava pela boate, mais ereta, mais distante, menos assustada. Como se estivesse aprendendo a ser algo que nunca foi: livre.
E isso me irritava.
Porque ela não era livre.
Nunca seria.
Principalmente agora, com meu nome marcado na pele dela, onde qualquer desgraçado podia ver e lembrar que ali tinha dono.
Mas ainda assim, ela mudava.
E eu não sabia se isso me excitava ou me enfurecia.
Eu estava no meu escritório, os olhos fixos nas telas de segurança. Fernanda descia as escadas, cabelo preso num rabo de cavalo que deixava a tatuagem visível. Não parecia envergonhada, nem submissa. Pelo contrário. Parecia desafiante, como se soubesse que aquela marca não era só minha — era uma coroa que ela agora usava com orgulho.
Eu apaguei o cigarro no cinzeiro, o metal soltando um som agudo que ecoou na sala silenciosa.
— Algum problema, chefe? — JP perguntou, do outro lado da mesa, tirando os pés do sofá de couro.
Desviei os olh