📓 Narrado por Clara — Segunda-feira
Corri.
Cada passo pelo corredor soava alto demais, como se todo prédio ouvisse a batida dos meus saltos contra o piso. A respiração presa no peito, os olhos ardendo, a garganta fechada. Mas eu não podia parar. Não ali. Não diante dele.
Entrei na minha sala com pressa, bati a porta e encostei as costas nela, como se precisasse de uma barreira física entre mim e Miguel. A tranca girou sob meus dedos trêmulos, e só então deixei o ar escapar, pesado, quase em soluço.
O silêncio era ensurdecedor.
A bolsa caiu da minha mão e despencou na cadeira. Caminhei até a mesa, mas minhas pernas estavam fracas, e acabei me apoiando na borda, curvada, como se tivesse corrido uma maratona.
Foi aí que as lágrimas vieram.
Não em um choro bonito, silencioso. Mas num desabafo rasgado, urgente, de quem já não consegue segurar a represa.
Levei as mãos ao rosto, tentando abafar o som, mas era impossível. O que ele disse… aquelas palavras ainda ecoavam como