Neuza narrando
Quando vi o número da Priscila aparecendo no celular da minha filha, quase deixei o arroz queimar. A gente já tava sabendo do sequestro, do desespero do Everton, da correria da polícia… E agora, finalmente, a voz dela. Viva. Abracei o celular contra o peito por um segundo, agradecendo em silêncio.
Mas mesmo com o alívio, meu coração de mãe continuava acelerado. Eu queria ver com meus próprios olhos, queria pegar na mão dela, sentir aquele cheirinho de talco do Luizinho, olhar nos olhos do Everton e dizer que ele foi um guerreiro por resgatar minha menina. Preparei a mesa naquela manhã como se fosse um dia santo. Fiz café forte, assei pão de queijo, cortei bolo de fubá. E, mesmo sem saber se eles viriam, arrumei três pratos. Coloquei flores no vaso do centro da mesa. O lar precisava parecer um abraço.
Quando a Priscila mandou uma mensagem dizendo que tava bem, que ia descansar, chorei de novo. Choro de mãe é assim, vem até quando o perigo passa, só pra descarregar o peso