Depois de um divórcio que a libertou de um casamento infeliz, Priscila finalmente começa a reconstruir sua vida. Mãe dedicada e mulher determinada, ela aceita o convite da dona da loja onde trabalha para assumir a gerência. Entre prateleiras organizadas e novos desafios, ela se dedica ao filho adolescente e à nova fase que começa a florescer. O que Priscila não esperava era que um dos amores do passado reaparecesse de forma tão inesperada. Everton Antunes, agora um CEO milionário e poderoso, entra na loja como um furacão. Arrogante, intenso e possessivo, ele não está disposto a deixá-la escapar outra vez. Entre segredos do passado, cicatrizes ainda abertas e uma paixão que ressurge com força total, Priscila se vê dividida entre proteger o coração... ou se jogar de vez nos braços do homem que nunca deixou de mexer com ela. Será que o amor é capaz de resistir ao tempo, às feridas e aos novos caminhos que a vida impõe?
Leer másPriscila Narrando
Me chamo Priscila e tenho 27 anos. Sou loira, de cabelos lisos que caem até a metade das costas, olhos verdes que todo mundo sempre diz que chamam atenção e eu confesso que já usei isso a meu favor mais de uma vez. Meus cílios são naturalmente longos, o que me poupa alguns minutos na maquiagem, e minha boca... bom, já ouvi que é bonita demais pra ficar calada. Meu corpo? Sempre cuidei dele. Nada exagerado, mas o suficiente pra me sentir bem quando me olho no espelho e fazer alguns olhares se virarem quando passo. Não sou perfeita, mas tenho meu charme. E aprendi, depois de tudo que vivi, que esse charme vai muito além da aparência. Hoje, além de ser mãe de um menino incrível, sou gerente de uma loja. Uma mulher que já amou, que já se decepcionou, mas que decidiu recomeçar. O que eu não esperava... era que o passado, em forma de um CEO arrogante e sexy, fosse bater na minha porta. Ou melhor, entrar pela porta da loja. E bagunçar tudo outra vez. Lembro como se fosse ontem o dia em que assinei os papéis do divórcio. Estava sentada naquela sala fria, com as mãos suando e o coração pesado não de amor, mas de alívio. Sim, alívio. Porque por mais que aquilo fosse o fim oficial de uma história, era também o começo da minha liberdade. Meu ex-marido estava do outro lado da mesa, com o mesmo olhar indiferente que usou nos últimos anos de casamento. Um homem que um dia achei que amava... e que depois descobri que só amava a si mesmo. Eu tinha 25 anos quando entrei naquela relação achando que estava fazendo a coisa certa. E dois anos depois, estava ali, com um filho pequeno nos braços e a certeza de que eu merecia mais. Muito mais. Ele sequer questionou nada. Só assinou. Sem emoção, sem uma palavra. E isso doeu. Não porque eu ainda o amava já não amava fazia tempo mas porque eu percebi que ele nunca me enxergou de verdade. Nunca viu a mulher que eu era, só o papel que eu cumpria. Naquele dia, quando saí do cartório com os olhos marejados, não era tristeza. Era libertação. Eu abracei meu filho com força e prometi pra mim mesma: Agora é por você. E por mim também. Voltei ao presente com o som da campainha da porta da loja tocando aquele sininho agudo que sempre avisa a entrada de um cliente. Estava distraída organizando algumas peças na vitrine quando ouvi os passos firmes e o perfume amadeirado invadindo o ar, marcante demais pra ser esquecido. Virei o rosto. E então vi ele. Everton. Meu coração parou por um segundo. Ou dois. Talvez mais. Ele estava ali. Alto, imponente, terno sob medida abraçando o corpo como se tivesse sido desenhado milimetricamente pra ele. Os cabelos castanhos perfeitamente penteados, a barba bem-feita e aquele olhar... o mesmo olhar que um dia me fez perder o juízo. Ele me viu. E sorriu. Um sorriso lento, perigoso. O tipo de sorriso que não pede permissão invade. — Priscila... — ele disse, como se meu nome fosse um segredo proibido em seus lábios. — Você tá ainda mais linda do que eu lembrava. Engoli em seco. Meu coração batia rápido demais. Não era só surpresa. Era desejo misturado com raiva, com memórias, com tudo aquilo que eu tinha enterrado... e que agora parecia pronto pra ressurgir. — Everton... o que você tá fazendo aqui? Ele deu um passo mais perto, os olhos nos meus como se nada mais existisse na loja além de mim. — Procurando por algo que eu perdi. Ou melhor... alguém. — Procurando por algo que eu perdi. Ou melhor… alguém. — Ele repetiu, a voz grave e baixa, como se falasse só pra mim, mesmo com a loja aberta. Senti um arrepio subir pelas minhas costas. Ele deu mais um passo, agora tão perto que eu podia sentir o calor do corpo dele. Meu instinto gritou pra recuar, manter o controle… mas meus pés enraizaram no chão. Aqueles olhos castanhos me prendiam como se eu ainda fosse aquela garota que ele conheceu anos atrás. A diferença é que agora eu era mãe, gerente, mulher. E mesmo assim, ele ainda sabia como bagunçar tudo dentro de mim. — Tá me olhando como se tivesse visto um fantasma — ele provocou, os olhos percorrendo meu rosto, depois descendo lentamente, descarados, até pararem nos meus lábios. — Mas eu tô bem vivo, Pri. E ainda lembro de cada detalhe seu. Engoli em seco. Meu corpo respondeu antes da minha mente conseguir dar qualquer ordem. O coração acelerado, a pele quente, os pensamentos já despencando pra lembranças que eu não devia reviver. Não agora. Não com ele tão perto. — Você devia ir embora. — minha voz saiu mais firme do que eu esperava, mas ele sorriu. Aquele sorriso torto e perigoso que dizia que ele não ia a lugar nenhum. — Eu não vim pra ir embora, princesa. — Ele se aproximou mais, os lábios quase roçando os meus. — Eu vim pra te ter de volta. E naquele instante, percebi: ou eu corria... ou mergulhava de cabeça num fogo que já me queimou uma vez. E que agora parecia ainda mais quente. Fechei os olhos por um segundo, tentando recuperar o controle da respiração, do coração, da sanidade. A proximidade dele era sufocante e deliciosa, malditamente deliciosa. Mas eu não podia me render. Não agora. Não tão fácil. Afastei o rosto, só um pouco, o suficiente pra recuperar o fôlego e olhar nos olhos dele com firmeza. — Isso aqui não é mais um joguinho, Everton. Eu não sou mais a menina que você deixou pra trás sem explicar nada. Eu tenho um filho agora. Tenho uma vida. Responsabilidades. Ele arqueou uma sobrancelha, mas não se moveu. — E acha que isso me assusta? — ele sussurrou. — Eu gosto de desafios, Priscila. Sempre gostei de você. E eu não vim até aqui pra ir embora de mãos vazias. — Você não pode simplesmente aparecer depois de anos e achar que vai… vai me reconquistar assim, com esse olhar, essa voz — eu disparei, tentando me convencer mais do que a ele. Ele sorriu. Aquele maldito sorriso. — Reconquistar? Quem disse que eu parei de te querer? Senti minhas pernas fraquejarem. Não por ele, mas pela lembrança de tudo que fomos. E do que poderíamos ter sido. Mas me mantive firme. Respirei fundo, segurei o olhar dele como se eu não estivesse prestes a derreter por dentro. — Eu não sou mais sua, Everton. — Ainda não — ele corrigiu, com a voz carregada de promessas. — Mas vai ser. Eu tenho tempo… e agora, eu não tenho a menor intenção de te perder de novo. Ele deu um passo pra trás, finalmente, como se me desse o espaço que eu precisava mas sem tirar os olhos de mim. Me deixou ali, no meio da loja, tremendo, confusa, e com um gosto doce e perigoso de passado nos lábios. E o pior? Uma parte de mim... queria que ele voltassePriscila Narrando 1 ano depois Um ano. Um ano inteiro se passou desde que minha Estrela chegou iluminando a minha vida. Às vezes, eu paro e fico lembrando de tudo que a gente enfrentou… e nem parece que é a mesma vida. Hoje, enquanto olho meu reflexo no espelho, com o rosto sendo maquiado, o cabelo sendo finalizado com delicadeza, eu sinto uma emoção que transborda.Tô no salão com a minha mãe, que não para de me olhar como se eu fosse a menininha dela de novo. E eu acho que sou, de certa forma. Só que hoje, essa menininha vai se casar com o homem que foi tudo nos meus dias mais escuros e que continua sendo luz nas minhas manhãs.— Ai, filha… você tá linda demais — minha mãe diz, com a voz embargada.Dou uma risadinha, tentando conter a vontade de chorar também.— Se você chorar, eu vou chorar, mãe… e aí estraga tudo — brinco, mesmo com a garganta apertada.Ela se aproxima, segura minhas mãos e beija minha testa.— Hoje é um dos dias mais felizes da minha vida. Ver você feliz, segur
Neuza Narrando Ver a minha neta nos braços da Priscila era como ver um milagre respirando. Uma nova chance. Uma nova história sendo escrita, dessa vez com amor, com proteção, com verdade.Eu já vi tanta dor nessa vida… já vi mulher sendo destruída por homem ruim, já vi filho chorando calado por medo, já vi mãe desistindo de si por não ter apoio. Mas ver a Priscila florescendo de novo, depois de tudo que ela passou… ah, meu coração agradece a Deus todos os dias. Quando entrei naquele quarto e vi ela com a Estrela no colo e o Everton sentado na beirada da cama com aquele olhar bobo, encantado, eu só consegui sorrir. E segurar o choro, claro. Mas foi difícil.— Minha Estrelinha… — sussurrei, tocando devagar no pezinho dela. Tão pequenininho, tão quente. — Você chegou pra acender tudo de novo.Olhei pra Priscila, que tava com os olhos marejados e aquele sorriso de mãe que a gente conhece de longe. Ela não precisava dizer nada. Eu sabia o quanto ela tinha lutado. Eu vi o brilho voltar pro
Priscila Narrando Eu não conseguia parar de olhar pra ela. Minha filha. A minha Estrela. Tão pequenininha, tão delicada… como se fosse feita de nuvem. Ela dormia tranquila, como se o mundo todo estivesse em paz só porque ela chegou. E talvez estivesse mesmo. Porque desde que ela nasceu, tudo em mim pareceu se encaixar de um jeito diferente. Como se eu tivesse esperado minha vida inteira por esse momento, mesmo sem saber.Ver o Everton segurando ela no colo foi uma das cenas mais lindas que já vi. Ele parecia hipnotizado, apaixonado, e era. E eu também. Pela nossa filha, por ele, pela família que a gente construiu com tanto esforço, tanta luta, tantas dores e superações. Quando a minha mãe entrou com o pastor e ele fez aquela oração… ah, eu desabei.Senti um calor no peito, uma paz invadindo meu coração, como se Deus estivesse ali do nosso lado, abençoando nossa menina. E Ele tava, eu sei que tava. Porque pra mim, Estrela é prova viva de que milagre existe. Ela é o recomeço que a min
Everton Narrando Quando a Priscila falou que a contração tinha vindo mais forte, eu já comecei a suar frio. Não adiantava fingir que tava calmo, porque meu coração tava acelerado feito bateria de escola de samba. Eu sabia que esse momento ia chegar, mas saber não é o mesmo que viver, né? Fui até a porta, voltei, peguei a bolsa da maternidade, conferi fralda, roupinha, documento, carteira, celular, carregador… tudo. A Priscila ria do meu nervosismo, e a dona Neuza me olhava como quem via um filho entrar em parafuso.— Tá tudo sob controle, Everton — ela disse, colocando a mão no meu ombro. — Agora respira. Quem vai parir é ela, não você.— Mas sou eu que vou ter que ficar forte por ela — respondi, olhando pra Pri deitada no sofá com o Luizinho encostado no ombro dela.Ela me olhou naquele momento com um sorriso tão doce, tão sereno, que me desmontou. Como ela conseguia ficar tão linda, tão forte, tão ela… mesmo sentindo dor?— Amor, se acalma… — ela disse baixinho — Só vou conseguir f
Priscila Narrando Quando aquela contração passou, fiquei um tempo ali, quietinha, sentindo meu corpo voltar ao normal, ou quase isso. Foi leve, mas nítida. Eu conheço meu corpo, e não era alarme falso. Era o começo. Everton apareceu na cozinha num pulo, com os olhos arregalados e a mão já na minha barriga. E mesmo eu tentando manter a calma, só de olhar pra ele já senti vontade de chorar. Não de medo. De emoção mesmo. De saber que ele tava ali, comigo, inteiro. Luizinho veio logo depois, todo sonolento, e me perguntou se a bebê tava chegando. Me deu um aperto no coração de tão lindo. O jeito como ele já fala dela, como se já fosse o irmão mais velho mais protetor do mundo. Eu sorri pra ele, mesmo com aquela pontadinha de dor nas costas que começou a vir junto com uma leve cólica.— Tá quase, meu amor — respondi.Depois que tudo acalmou, sentei um pouco na sala com os dois. Everton ficou me olhando como se eu fosse feita de porcelana. Ele queria fazer tudo: buscar água, apoiar minha p
Everton Narrando Aquela tarde em família foi daquelas que a gente guarda na memória com gosto de saudade antecipada. O sol tava se pondo, a carne já tinha quase todo mundo elogiado, e o Patrick me ajudava na churrasqueira enquanto contava umas histórias engraçadas da viagem dele. Era bom ver ele ali, se encaixando como se nunca tivesse saído. Priscila tava sentada na varanda com a dona Neuza, os pés apoiados numa almofada e a mão sempre descansando na barriga. De vez em quando, ela fechava os olhos e sorria do nada. E eu sabia... ela tava feliz. E isso bastava pra me fazer sentir o homem mais realizado desse mundo.Luizinho corria com um aviãozinho na mão, rindo alto, e parava toda hora pra pedir mais refrigerante ou um pedaço de pão com alho. Eu ficava só observando, tentando guardar cada pedacinho daquela paz que a gente construiu com tanto esforço. Depois que o churrasco terminou e a galera foi começando a se dispersar, levei o lixo pra fora e fiquei um tempo encostado no portão,
Último capítulo