Priscila Narrando
Quando aquela contração passou, fiquei um tempo ali, quietinha, sentindo meu corpo voltar ao normal, ou quase isso. Foi leve, mas nítida. Eu conheço meu corpo, e não era alarme falso. Era o começo. Everton apareceu na cozinha num pulo, com os olhos arregalados e a mão já na minha barriga. E mesmo eu tentando manter a calma, só de olhar pra ele já senti vontade de chorar. Não de medo. De emoção mesmo. De saber que ele tava ali, comigo, inteiro. Luizinho veio logo depois, todo sonolento, e me perguntou se a bebê tava chegando. Me deu um aperto no coração de tão lindo. O jeito como ele já fala dela, como se já fosse o irmão mais velho mais protetor do mundo. Eu sorri pra ele, mesmo com aquela pontadinha de dor nas costas que começou a vir junto com uma leve cólica.
— Tá quase, meu amor — respondi.
Depois que tudo acalmou, sentei um pouco na sala com os dois. Everton ficou me olhando como se eu fosse feita de porcelana. Ele queria fazer tudo: buscar água, apoiar minha p