Na manhã seguinte, o vento chegou antes da chuva. Não vinha com pressa nem força — era daqueles que sopram só o necessário para levantar folha seca e avisar que o dia tinha mudado de humor.
Helena foi a primeira a sentir. Estava no canto de leitura, remexendo pincéis e pedaços de pano quando uma cortina se ergueu sozinha, bailando no ar. Sorriu, reconhecendo o sinal.
— Hoje o vento quer entrar sem bater — disse para ninguém em especial.
Sol apareceu segundos depois, os cabelos emaranhados como se também tivessem sonhado com árvores durante a noite.
— Tem cheiro de viagem — disse, respirando fundo.
— Cheiro de novidade — completou Nayeli, surgindo atrás dela com um colar de contas que tilintava a cada passo.
No quintal, as sementes dormiam. Mas ali dentro, o dia acordava com olhos brilhantes.
Clarice preparava a primeira infusão de hibisco com hortelã. A chaleira chiava baixinho — quase como o vento —, e o vapor subia fino, como uma história que ainda não encontrou palavras.
— Hoje é d