O carro desapareceu na curva da estrada de terra, deixando para trás uma nuvem fina de poeira e o eco das despedidas.
Na Casa Entre, ficou o silêncio do depois — aquele que não é vazio, mas fértil.
Sol correu até o portão, o mesmo que tantas vezes chiara para anunciar chegadas, e ficou ali por um instante, olhando a estrada como quem observa o caule crescer, mesmo sem ver.
— Eles vão voltar com cheiro de chão novo — disse, para ninguém e para todo mundo.
Joana fechou o caderno do canteiro e apoiou no colo. Estava sentada no degrau da varanda, olhos entreabertos ao sol que começava a se firmar no céu.
— Hoje quero escutar o que a casa tem pra dizer — murmurou. — Às vezes ela fala nos estalos da madeira.
Helena, ouvindo de dentro, respondeu:
— Ou no som da chaleira que avisa sem gritar.
Mirna estava no quintal, mãos na terra. Não cavava, não regava — apenas sentia. Tocava o solo como quem ouve uma canção conhecida.
— Hoje a terra tá se abrindo — disse, sem levantar a ca