Ana segurava o envelope nas mãos como se fosse de vidro. Seu peso era estranho — leve, mas cheio de tudo o que ela não ousara esperar.
Ela olhou para Leonardo, depois para Clarice. Ninguém disse uma palavra. Havia apenas o leve zumbido do piano ainda ressoando nas paredes.
— Eu acho... que preciso abrir isso sozinha, Ana sussurrou.
Leonardo assentiu e deu um passo para trás.
— Não tenha pressa. Chegamos.
Ela atravessou o quarto e sentou-se perto da janela, onde a luz se filtrava como uma cortina dourada. Com dedos trêmulos, desamarrou a fita desbotada e deslizou os dedos sob a aba.
Dentro, havia uma partitura dobrada, escrita à mão. Abaixo das linhas da pauta, havia uma letra — inacabada de novo, como uma trilha que alguém começou a percorrer, mas nunca completou.
A melodia foi intitulada: A Canção de Ninar do Não Dito.
Ana leu as palavras em voz alta, sua voz pouco mais que um sopro:
— Se o silêncio fala mais alto que a verdade,
Que esta canção seja a voz que perdi em você.
Quando e