As Mãos que Constroem

Era terça-feira, e a Casa Entre ganhava cores novas. As paredes externas, antes marcadas pelo tempo e sal do mar, agora recebiam pinceladas cuidadosas de um tom entre areia e âmbar — a escolha fora de Lúcia, que dissera, sorrindo: “Cor de recomeço. Nem claro demais, nem escuro demais. Como a gente.”

Helena estava no jardim, com as mãos sujas de terra e os olhos atentos a uma muda de jasmim. Era a primeira planta que decidira plantar com as próprias mãos.

— Acredita que eu nunca fiz isso antes? — disse ela, olhando para Clarice, que se aproximava com um regador azul.

— E acha que eu já tinha aberto espaço pra escutar alguém antes de vir pra cá? — respondeu Clarice, entregando-lhe o regador. — A gente não nasce sabendo onde floresce. A gente descobre. E às vezes é sujando a mão mesmo.

As duas riram, e o som leve se misturou ao farfalhar das folhas. Lúcia, que observava pela janela da sala, sorria também, costurando capas para os cadernos azuis. Queria que cada mulher que chegasse ali se
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