— Bem. — a voz de Nicolau ecoou pelo hall, grave, implacável. — Como todos já se comunicaram… vamos nos preparar para o jantar.
Era como se nada tivesse acontecido. Como se ele não tivesse acabado de arrancar feridas antigas do peito de Olívia. Como se expor a rejeição de uma filha pelos pais fosse apenas mais uma jogada de xadrez para entreter a família.
Olívia manteve-se de pé, o rosto pálido, o coração disparado.
— Eu não vou jantar. — disse, firme, mas com a voz embargada.
A mãe dela deu um passo à frente, e o tom usado fez o estômago de Olívia se revirar.
— Ora, filha… — disse, doce demais, quase melado. — Este é o momento de se sentar, conversar, entender e… quem sabe, perdoar as diferenças.
Olívia riu. Um riso curto, amargo, sem humor.
— Perdoar? — repetiu, as lágrimas queimando os olhos. — Depois de tudo o que vocês fizeram?
O silêncio caiu. Nicolau a observava com interesse, como um diretor satisfeito diante de um ator que improvisava melhor do que o roteiro.
Olívia não aguen